O VSR (vírus sincicial respiratório) é um vírus altamente contagioso que causa sintomas respiratórios leves na maioria das pessoas, mas pode ser grave em bebês e idosos. É a principal causa de hospitalização de bebês nos Estados Unidos e na Europa, com milhões de casos e milhares de mortes a cada ano em todo o mundo. A falta de conscientização pública sobre o VSR é preocupante, dado seu impacto significativo na saúde pública.
No entanto, há boas notícias: avanços científicos recentes forneceram duas ferramentas promissoras para combater doenças e mortalidade relacionadas ao VSR. A primeira é um medicamento de anticorpo monoclonal chamado nirsevimabe, que foi aprovado no Reino Unido e nos Estados Unidos. Ensaios clínicos mostraram que ele é cerca de 77% eficaz na prevenção de hospitalizações e intervenções médicas relacionadas ao VSR. Bebês que receberam uma única dose de nirsevimabe tiveram uma redução de 83% nas internações hospitalares em comparação com aqueles que receberam cuidados padrão.
A segunda ferramenta é uma vacina administrada em mulheres grávidas, conferindo imunidade passiva a seus bebês. Essa vacina contém uma versão produzida em laboratório de uma proteína de superfície do VSR que estimula a produção de anticorpos na mãe vacinada. Esses anticorpos são então transmitidos ao feto através da placenta, fornecendo proteção nos primeiros meses de vida.
Tanto a abordagem do anticorpo monoclonal quanto a vacinação materna mostraram resultados promissores em ensaios clínicos, reduzindo significativamente o impacto das doenças relacionadas ao VSR. No entanto, há desafios na implementação dessas intervenções nos sistemas de saúde, especialmente em termos de custo. O preço do nirsevimabe e da vacina materna pode ser uma barreira para a acessibilidade generalizada.
Esforços estão em andamento para negociar com empresas farmacêuticas a redução dos preços desses tratamentos. Alguns países, como a Galícia, na Espanha, já incluíram o nirsevimabe em seus programas de imunização, enquanto outros, incluindo França, Bélgica, Itália e Luxemburgo, estão considerando sua inclusão. No entanto, o desafio do custo continua sendo um obstáculo significativo, não apenas para países de alta renda, mas também para regiões de baixa renda onde as taxas de mortalidade do VSR são altas.
Apesar dos desafios, a disponibilidade dessas novas ferramentas traz esperança para a prevenção de infecções graves por VSR em bebês. Ao implementar rapidamente e de forma eficaz o anticorpo monoclonal e a vacinação materna, o impacto do VSR nos sistemas de saúde pode ser significativamente reduzido. Isso representa mais uma vitória para a ciência e um passo em direção à melhoria da saúde pública global.
Fontes:
– Professora de Saúde Pública Global na Universidade de Edimburgo, Prof. Devi Sridhar