Novas descobertas sobre RNAs circulares em doenças neurológicas

Novas descobertas sobre RNAs circulares em doenças neurológicas

Pesquisadores do Hospital Brigham and Women’s fizeram progressos significativos na compreensão do papel dos RNAs circulares (circRNAs) em doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer. Utilizando a tecnologia de sequenciamento de RNA por captura a laser, a equipe foi capaz de analisar o transcriptoma de neurônios em amostras de cérebro humano post-mortem. Eles identificaram mais de 11.000 circRNAs distintos associados a células cerebrais envolvidas nessas doenças.

No passado, os circRNAs eram frequentemente ignorados como “lixo” e considerados sem papel significativo. No entanto, o estudo liderado pelo Dr. Clemens Scherzer desafia essa ideia ao sugerir que os circRNAs desempenham um papel essencial na programação das células cerebrais humanas e das sinapses. A equipe descobriu que os circRNAs são produzidos em grande quantidade por células cerebrais associadas ao Parkinson e ao Alzheimer.

Os circRNAs são enriquecidos em sinapses e no cérebro, e têm sido relacionados ao desenvolvimento neuronal e ao envelhecimento. Embora seu papel na saúde geral do cérebro ainda não tenha sido totalmente explorado, eles exibem potencial envolvimento em doenças neurodegenerativas e psiquiátricas. Além disso, pesquisas sugerem que os circRNAs podem exibir padrões de expressão específicos de células em neurônios inibitórios e excitatórios.

O estudo da equipe envolveu a captura a laser de neurônios a partir de amostras de cérebro post-mortem, analisando as sequências de código genético dos circRNAs em dois tipos de células diferentes. Eles descobriram que 61% de todos os circRNAs sinápticos caracterizados estavam associados a distúrbios cerebrais. Em particular, descobriu-se que os circRNAs eram específicos de tipos de células e enriquecidos em vias sinápticas para neurônios dopaminérgicos e piramidais, que desempenham papéis importantes no controle do movimento, humor, motivação, memória e linguagem.

Curiosamente, os circRNAs produzidos por genes associados ao Parkinson e ao Alzheimer estavam reduzidos em neurônios dopaminérgicos vulneráveis, mesmo antes do aparecimento dos sintomas. Além disso, o estudo revelou que os circRNAs expressos por certos genes mostraram evidências de viés de tipo celular, com genes associados à dependência expressando circRNAs em neurônios dopaminérgicos, e genes associados ao autismo expressando circRNAs predominantemente em neurônios piramidais.

A pesquisa forneceu uma análise abrangente dos circRNAs em células cerebrais humanas, oferecendo aplicações potenciais para diagnósticos e medicamentos baseados em RNA para tratar condições neurológicas. Os circRNAs são mais duráveis do que os RNAs lineares e podem servir como biomarcadores para células cerebrais específicas implicadas em estágios iniciais de doenças. Eles também têm potencial como terapias e biomarcadores de RNA para doenças neurodegenerativas.

Mais pesquisas são necessárias para compreender completamente como os circRNAs contribuem para a identidade de neurônios e sinapses, incluindo sua biogênese e mecanismos regulatórios. No entanto, as descobertas do estudo oferecem percepções valiosas sobre o papel dos circRNAs em doenças neurológicas e abrem caminho para avanços futuros em terapias e diagnósticos baseados em RNA.

Fonte:
– Nature Communications: “Circular RNAs in the human brain are tailored to neuron identity and neuropsychiatric disease” por Scherzer et al. (doi: 10.1038/s41467-021-27728-9)

All Rights Reserved 2021.
| .