De acordo com uma nova pesquisa, milhares de mortes evitáveis ocorreram desde que o governo do Reino Unido parou de incentivar a indústria de alimentos a reduzir os níveis de sal em seus produtos. O consumo de sal é uma das principais causas de pressão alta, o que aumenta o risco de ataques cardíacos e derrames.
A partir de 2006, a Agência de Padrões Alimentares (FSA) implementou um programa no qual os fabricantes de alimentos eram obrigados a diminuir o teor de sal em vários alimentos processados e preparados. Essa iniciativa resultou em uma redução de quase 20% no consumo médio de sal na Inglaterra.
No entanto, em 2011, o governo de coalizão abandonou a abordagem intervencionista da FSA e, em vez disso, introduziu o “acordo de responsabilidade de saúde pública”. Esse acordo permitiu que os produtores de alimentos determinassem novamente seus próprios níveis de sal. Especialistas em saúde pública criticaram essa abordagem voluntária e defenderam táticas regulatórias mais fortes da FSA.
De acordo com um estudo publicado no Journal of Hypertension, o consumo médio de sal na Inglaterra aumentou após a mudança de política do governo, atingindo 8,39g por dia em 2018, em comparação com 7,58g por dia em 2014. O estudo também revelou que os níveis de pressão arterial em toda a população e a taxa de mortes por ataques cardíacos e derrames se estabilizaram após o abandono das metas de redução de sal. Anteriormente, esses números vinham diminuindo como resultado da redução do teor de sal nos alimentos.
Uma equipe de pesquisadores liderada pelo Dr. Jing Song, da Queen Mary University of London, projetou que, se a campanha de redução de sal tivesse continuado, o consumo médio de sal poderia ter diminuído ainda mais em 1,45g por dia entre 2014 e 2018. Essa redução teria evitado mais de 38.000 mortes relacionadas a doenças cardíacas e derrames em apenas quatro anos, sendo 24.000 dessas mortes prematuras.
O Dr. Graham MacGregor, presidente do grupo de campanha Action on Salt e coautor do estudo, enfatizou a necessidade de o governo estabelecer uma estratégia abrangente que instrua a indústria de alimentos, em vez de permitir que a indústria dite políticas.
A British Heart Foundation declarou que o estudo destaca a falta de progresso nos últimos anos na redução do teor de sal nos alimentos. A organização pediu ao governo que exigisse níveis mais baixos de sal nos produtos alimentícios para combater o consumo perigosamente alto de sal pela população.
O Departamento de Saúde e Assistência Social ainda não comentou sobre a pesquisa.
Fontes:
– Journal of Hypertension
– Grupo de campanha Action on Salt
– British Heart Foundation