Pesquisadores identificaram recentemente cinco cepas de gammacoronavírus (gCoV) e deltacoronavírus (dCoV) em gaivotas-de-cabeça-preta e gaivotas-comuns na Polônia, de acordo com um estudo publicado na revista Scientific Reports. O estudo fornece novos insights sobre a evolução e a diversidade dos coronavírus (CoVs) circulantes na família Laridae.
Os CoVs são vírus de RNA de sentido positivo com cadeia simples que sofrem mutações em uma alta taxa devido à baixa fidelidade de sua maquinaria de polimerase de RNA dependente de RNA. Essa taxa de mutação alta permite a geração de múltiplas variantes virais durante um curto ciclo de infecção, potencialmente levando à rápida troca de hospedeiros.
Os pesquisadores obtiveram sequências genômicas completas (WGS) das amostras de CoV, submetendo 27 amostras com a carga viral mais alta a sequenciamento de próxima geração. As sequências foram comparadas com sequências genômicas virais do banco de dados GenBank usando o algoritmo BLAST. As sequências mais semelhantes foram selecionadas para análise posterior.
O estudo revelou que gCoVs e dCoVs infectam aves silvestres, especialmente aquelas do gênero Charadriiformes da espécie Laridae. Os comprimentos dos genomas de gCoVs e dCoVs foram encontrados acima de 26.000 e cerca de 23.000 nucleotídeos, respectivamente. Os dCoVs identificados nas gaivotas polonesas eram altamente diversos em escala genômica, indicando a possibilidade de novas variantes de sorotipo.
A análise filogenética dos genomas de CoV revelou uma relação evolutiva entre as gaivotas-de-cabeça-preta chinesas e as gaivotas-de-cabeça-preta polonesas. No entanto, os dCoVs poloneses não apresentaram as mutações associadas aos receptores específicos do hospedeiro para gaivotas.
O estudo também descobriu que um dCoV específico identificado na Polônia em 2017 era distinto de outros dCoVs e se assemelhava de perto a um coronavírus de pato detectado na China em 2014. Isso destaca o potencial para eventos de recombinação ocorrerem entre diferentes gêneros de CoV, levando ao surgimento de novas variantes.
Gaivotas e trinta-réis estão distribuídos por várias regiões do mundo, indicando sua diversidade ecológica. Suas altas densidades em colônias e o contato frequente com humanos e animais domesticados facilitam a transmissão viral direta e a disseminação de doenças.
A identificação dessas cepas de CoV em gaivotas polonesas enfatiza a necessidade de estudar continuamente os reservatórios animais de CoVs e expandir nossa compreensão de sua diversidade e potencial para a transmissão zoonótica.
Fonte: Domańska-Blicharz, K., Miłek-Krupa, J. & Pikuła, A. (2023). Gaivotas como hospedeiras de gammacoronavírus e deltacoronavírus. Scientific Reports 13(15104). [Nenhuma URL fornecida]