Um estudo recente publicado na revista Science Advances examinou a eficácia das políticas do Facebook para remover informações falsas sobre vacinas durante a pandemia de COVID-19. Os pesquisadores descobriram que, embora o Facebook tenha removido algum conteúdo anti-vacina e pró-vacina, não houve uma diminuição significativa no engajamento geral dos usuários com o conteúdo anti-vacina. Na verdade, quando o conteúdo pró-vacina foi removido, o conteúdo anti-vacina que permaneceu se tornou ainda mais desinformativo e polarizado.
O estudo analisou dados do Facebook, incluindo postagens de páginas e grupos que discutiam vacinas. Os pesquisadores utilizaram um design comparativo de séries temporais interrompidas para comparar o volume de postagens e o engajamento antes e depois da implementação das políticas de combate à desinformação do Facebook. Eles descobriram que, embora o volume de conteúdo anti-vacina tenha diminuído em comparação com as tendências pré-política, o engajamento dos usuários com esse conteúdo não mudou significativamente.
Além disso, o estudo constatou que a remoção de conteúdo pró-vacina levou a um aumento de conteúdo desinformativo relacionado a eventos adversos após a vacinação contra a COVID-19, como hospitalização e morte. Além disso, as discussões sobre vacinas em grupos aumentaram após a implementação da política. Os pesquisadores também observaram um aumento de links de baixa credibilidade para conteúdo externo, o que pode expor os usuários a conteúdo politicamente polarizado.
Os autores sugerem que a arquitetura do sistema do Facebook pode ter permitido que os produtores de conteúdo anti-vacina encontrassem caminhos alternativos para compartilhar seu conteúdo, mesmo depois de removido. Eles destacam a hierarquia camada por camada de páginas, grupos e usuários dentro da plataforma do Facebook, que pode ser manipulada para continuar espalhando desinformação.
Em resumo, este estudo indica que as políticas atuais e a arquitetura do sistema do Facebook são ineficazes na redução da disseminação de desinformação sobre vacinas. Os pesquisadores enfatizam a necessidade de os projetistas de plataformas alinharem suas políticas e arquitetura do sistema com evidências científicas para lidar com as possíveis ameaças que as mídias sociais representam para a saúde pública.
Fonte: Science Advances